quarta-feira, 4 de outubro de 2017


CIDADE DIGITAL

A quarta revolução industrial, na forma digital/tecnológica, e que está em andamento irá produzir grandes abalos nas atividades sociais e econômicas, conseqüentemente, no território das cidades. As inovações tecnológicas dessa nova era digital, em função de sua escala global e da sua forma abrangente que avança em todos os setores da vida, bem como sua complexidade e velocidade, transformarão os espaços e a vida da humanidade. E as cidades serão grandemente impactadas, na medida em que este é o espaço privilegiado onde se concentram as principais atividades humanas.

A vida urbana será afetada no seu sentido de pertencimento e vizinhança, ou o morar e conviver, quando não mais depender da proximidade física; mas sim de uma comunidade virtual conectada em uma plataforma digital. A cidade será modificada quando o trabalho for robotizado e as plantas industriais não mais necessitarem de grandes fluxos de trabalhadores se deslocando entre regiões. O comércio não dependerá de espaços concentrando mercadorias e pessoas, pois os sistemas de logística e a experimentação virtual de objetos permitirão juntar todos em um mercado virtual. A indústria com a produção de objetos personalizados em impressoras 3D serão espaços integrados na estrutura urbana e não mais imensas fábricas nas periferias.  Os veículos autônomos alterarão substancialmente a mobilidade urbana e a gestão das ruas e avenidas, na mesma medida em que mudará o conceito de veículo como patrimônio individual. Os espaços de moradia serão um misto de viver, trabalhar e lazer com a inteligência artificial e a internet das coisas. Todas essas possibilidades trarão mudanças profundas e rupturas no morar, na produção, no trabalho, no consumo, no lazer, nos transportes e sistemas logísticos, ou seja, provocarão impactos e descontinuidade nas funções e no território das cidades.

A história mostra que as cidades tiveram apenas três dessas grandes rupturas espaciais. A primeira, na sua origem, quando as muralhas definiam um espaço de segurança e da administração centralizada, marcando a diferença com a atividade do campo. A segunda, na revolução agrícola, depois da idade média, onde estavam se formando os estados nacionais expandindo e demarcando fronteiras e permitiram que as cidades extrapolassem os muros e se consolidassem como território do comércio e de serviços. A terceira, na revolução industrial, quando o processo intensivo de urbanização, concomitante com as grandes plantas industriais da produção em escala predominando no território, provocaram intensas e profundas transformações nas cidades.


A quarta ruptura no território das cidades já se avizinha com a nova revolução tecnológica/digital. As cidades estão preparadas para enfrentar os desafios dessa nova era? O espaço poderá ser planejado para as atividades nessa nova fase da humanidade? A civilização urbanóide conseguirá adaptar seu território a essa nova forma de vida digital/tecnológica?

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